Com a crescente digitalização do mundo financeiro, é normal que a privacidade de dados no Real Digital tenha se tornado uma preocupação relevante. Mais do que isso, um requisito obrigatório.
De fato, a implementação do Real Digital, a moeda digital do Banco Central do Brasil, introduz novos desafios e considerações neste cenário de proteção e privacidade de dados.
Como uma inovação tecnológica que busca modernizar a economia, o Real Digital promete proporcionar transações mais eficientes e acessíveis. No entanto, a forma como lidaremos com a privacidade dos dados e o anonimato das transações é uma questão crucial que está sendo abordada.
A necessidade de equilibrar a privacidade com a segurança é fundamental em qualquer sistema financeiro. A proteção dos dados pessoais dos usuários deve ser uma prioridade, mas também é necessário garantir a integridade e a segurança das transações.
Isso é particularmente desafiador no contexto do Real Digital, onde a tecnologia Blockchain é utilizada para manter um registro transparente e imutável de todas as transações.
Este artigo explora as questões de privacidade de dados no Real Digital, com foco no desafio de equilibrar o anonimato com a segurança.
Preservando a Privacidade no Real Digital
Para a versão virtual da moeda brasileira, é crucial garantir a proteção dos dados dos usuários contra acessos não autorizados, uso indevido e vazamentos de informações.
Isso implica a adoção de medidas de segurança robustas, como criptografia, autenticação de múltiplos fatores e controle de acesso granular.
Além disso, a privacidade do usuário deve ser considerada no design do sistema, utilizando abordagens como a minimização de dados, que limita a quantidade de informações coletadas e armazenadas.
Anonimato versus Rastreabilidade
Em transações em dinheiro vivo, o anonimato é preservado – o Banco Central não tem conhecimento de quem está usando uma nota de R$10,00 em um supermercado.
No entanto, no contexto do Real Digital, há a necessidade de equilibrar anonimato e rastreabilidade, um aspecto crítico do projeto.
É necessário que o sistema permita o rastreamento de transações ilícitas e a identificação de atividades suspeitas, para cumprir as regulamentações de combate à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.
Requisitos de Privacidade no Real Digital
O Real Digital deve cumprir as leis e regulamentações nacionais e internacionais de privacidade de dados, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil e o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) na União Europeia.
Isso requer a implementação de políticas e procedimentos que garantam a coleta, processamento, armazenamento e compartilhamento de dados segundo os princípios e requisitos estabelecidos por essas regulamentações.
Parcerias Público Privadas na Proteção de Dados
A garantia da privacidade de dados exige a colaboração entre instituições públicas, como o Banco Central do Brasil, e empresas privadas envolvidas no desenvolvimento e implementação da moeda digital.
Essa colaboração é essencial para a criação de padrões, protocolos e soluções de segurança eficientes que possam proteger a privacidade dos usuários e assegurar o cumprimento das regulamentações aplicáveis.
O Impacto do Real Digital no Setor de Tecnologia e Cibersegurança
Além do setor financeiro, a implementação do Real Digital tem o potencial de causar um impacto significativo no setor de tecnologia e cibersegurança.
Ao introduzir uma moeda digital oficial, o Banco Central do Brasil está direcionando cada vez mais a economia para uma nova era de digitalização. Este avanço trouxe consigo uma série de desafios e oportunidades para o setor de tecnologia.
Um dos principais desafios tem sido a necessidade de desenvolver e implementar infraestruturas robustas e seguras para suportar a nova moeda digital. Isso envolve tanto a criação de sistemas de pagamentos digitais eficientes, quanto a implementação de medidas de segurança avançadas para proteger os usuários e suas transações.
O que nos faz lembrar do bem-sucedido projeto do Pix, lançado em novembro de 2020, que revolucionou o mercado financeiro do País e que a Eval fez parte.
A tecnologia Blockchain, que está no cerne do Real Digital, está sendo adaptada para atender as necessidades de negócio e requisitos de proteção e privacidade de dados. Isso poderá impulsionar inovações e avanços nessa tecnologia, à medida que os especialistas procuram superar esses desafios.
O impacto na Cibersegurança
No âmbito da cibersegurança, o Real Digital representa tanto uma oportunidade quanto um desafio.
Por um lado, a natureza descentralizada e a transparência do Blockchain podem ajudar a aumentar a segurança das transações e a proteção dos dados dos usuários.
Por outro lado, a implementação de uma moeda digital também pode apresentar novos riscos e vulnerabilidades. Caso não fossem implementadas medidas de segurança adequadas, os cibercriminosos poderiam tentar explorar as vulnerabilidades do sistema para realizar fraudes ou roubar informações.
Além disso, como vimos no decorrer do artigo, o Real Digital também traz à tona a questão da privacidade dos dados.
Como o Blockchain registra todas as transações de forma transparente, é necessário encontrar uma maneira de proteger a privacidade dos usuários sem comprometer a segurança e a transparência do sistema.
O Blockchain, por sua natureza, é um livro de registro público e transparente. Cada transação que ocorre na rede é gravada e “pode ser vista” por qualquer pessoa que tenha acesso à rede.
Isso proporciona um alto nível de transparência, o que é uma das principais vantagens do Blockchain.
No entanto, essa transparência pode potencialmente levar a problemas de privacidade. Embora os usuários do Blockchain sejam representados por endereços digitais anônimos, uma vez que uma identidade é associada a um endereço específico, todas as transações realizadas por esse endereço se tornam vinculadas a essa identidade.
O que pode revelar mais informações do que o desejado, levando a possíveis questões de privacidade.
Na prática, este é um desafio complexo que exigirá soluções inovadoras e cuidadosas.
No geral, a implementação do Real Digital no Brasil representa uma oportunidade significativa para o setor de tecnologia e cibersegurança. Apesar dos desafios, também representa uma chance para o Brasil liderar em inovação tecnológica e segurança digital.
Equilibrando o desafio entre o Anonimato e a Cibersegurança
O Real Digital, como moeda digital do Banco Central, terá um impacto significativo na privacidade dos dados dos usuários e na maneira como as informações pessoais e financeiras são protegidas.
É essencial que todas as partes interessadas, incluindo instituições governamentais, empresas privadas, organizações de direitos digitais e até a sociedade em geral, trabalhem em conjunto para garantir que a privacidade dos usuários seja mantida e que a segurança dos dados seja assegurada.
O equilíbrio entre a privacidade dos usuários e a rastreabilidade das transações, bem como o respeito às regulamentações de privacidade de dados, serão cruciais para a adoção bem-sucedida e a confiança na nova moeda digital.
Tem surgido em alguns debates a possibilidade de se utilizar criptografia homomórfica no Real Digital.
Criptografia Homomórfica
Criptografia Homomórfica é uma área de estudo da criptografia que, em resumo, permite a realização de operações com os dados enquanto eles permanecem criptografados.
Isso pode, de fato, garantir a privacidade da informação e, consequentemente, se aplicada ao Real Digital, assegurar a privacidade dos usuários, o que é uma grande vantagem.
No entanto, existem muitos desafios nessa área ainda, tais como, o desempenho e a complexidade de implementação, que podem deixar as transações mais lentas. Há também desafios relacionados à segurança, pois já existem ataques cibernéticos específicos para o uso dessa tecnologia.
Além disso, existem desafios relacionados à complexidade de implementação, dado que se trata de uma tecnologia nova e complexa com a qual os desenvolvedores ainda não estão familiarizados.
Ao usar a criptografia Homomórfica, teremos um cenário similar ao que ocorre no mundo real, como demos como exemplo no início deste artigo, no qual uma pessoa pode gastar R$ 10,00 em um supermercado e apenas ambos terão conhecimento, garantindo a privacidade da transação.
Embora a AWS, a Microsoft Azure, entre outros, forneçam bibliotecas e ambientes para o uso de Criptografia Homomórfica, todas reconhecem as limitações da tecnologia atualmente.
Por fim, os pesquisadores estão aprimorando os estudos nessa área, tanto para melhorar o desempenho e a segurança, quanto para diminuir a complexidade de implementação.
Por isso, será um grande desafio fazer uso dessa tecnologia com o Real Digital. No futuro, com o avanço dessa tecnologia, devemos ver um uso mais comum da criptografia homomórfica.
Sobre a Eval
Com uma trajetória de liderança e inovação que remonta a 2004, a Eval não apenas acompanha as tendências tecnológicas, mas também estamos em uma busca incessante para trazer novidades oferecendo soluções e serviços que fazem a diferença na vida das pessoas.
Com valor reconhecido pelo mercado, as soluções e serviços da Eval atendem aos mais altos padrões regulatórios das organizações públicas e privadas, tais como o SBIS, ITI, PCI DSS, e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Na prática, promovemos a segurança da informação e o compliance, o aumento da eficiência operacional das empresas, além da redução de custos.
Inove agora, lidere sempre: conheça as soluções e serviços da Eval e leve sua empresa para o próximo nível.
Eval, segurança é valor.
Escrito por Arnaldo Miranda, Evaldo. Ai, revisado por Marcelo Tiziano e Designer de Caio.